MO417 - Ata de Aula - Heaps binomiais e de Fibonacci


Ata da aula do dia 23/04/2003
Redator: Alexandro José Baldassin - ra 022243


Tópicos:

 

1. Tabela da Figura 19.1

Essa tabela mostra o tempo de execução das operações executadas em heaps binários (já estudados), binomiais e de Fibonacci, e é apresentada logo abaixo.

Procedimento
Heap binário
(pior caso)
Heap binomial
(pior caso)
Heap de Fibonacci
(amortizado)
MAKE-HEAP
Θ(1)
Θ(1)
Θ(1)
INSERT
Θ(lgn)
O(lgn)
Θ(1)
MINIMUM
Θ(1)
O(lgn)
Θ(1)
EXTRACT-MIN
Θ(lgn)
Θ(lgn)
O(lgn)
UNION
Θ(n)
O(lgn)
Θ(1)
DECREASE-KEY
Θ(lgn)
Θ(lgn)
Θ(1)
DELETE
Θ(lgn)
Θ(lgn)
O(lgn)

Tabela 19.1 - tabela de complexidade das operações sobre heaps binários, binomiais e de Fibonacci


Começamos analisando as operações referentes aos heaps binários, pois quase todas já foram estudadas no capítulo do livro referente ao Heapsort. A operação que foi analisada com mais cuidado foi a de UNION, que é realizada fazendo-se a concatenação de dois heaps binários e depois aplicando-se a operação BUILD-MIN-HEAP (no caso de heap mínimo). Sua eficiência é portanto Θ(n), já que o tempo de concatenação é Θ(1) e o de BUILD-MIN-HEAP é Θ(n) (similar ao BUILD-MAX-HEAP já visto no capítulo sobre Heapsort). Outra observação feita foi que a operação MAKE-HEAP somente cria um novo heap vazio, e portanto é Θ(1), diferente do BUILD-HEAP, que cria efetivamente um heap (máximo ou mínimo), e é O(n) para o binário.

Então passamos a comparar as operações do heap binomial com as do heap binário. De imediato vimos que a operação UNION é O(lgn) no caso binomial, contra O(n) no caso binário. No entanto, MINIMUM é O(lgn) para o binomial e Θ(1) para o binário. Portanto, se nossa aplicação usar bastante a operação de MINIMUM, um heap binário seria mais interessante do que um binomial. De modo similar, caso a operação de UNION fosse a mais utilizada, daríamos preferência para o heap binomial ao invés do binário.

Para terminar a análise da tabela, verificamos as operações para o heap de Fibonacci. A primeira impressão foi de que havia alguma mágica, porque a maioria das operações eram Θ(1). O segredo estava no fato de que a análise para o caso do heap de Fibonacci era uma análise amortizada. Esse tipo de análise difere da análise do caso médio por não haver nenhuma probabilidade envolvida, sendo considerada a média de todas as operações executadas para uma entrada ainda assim genérica. Portanto, no caso amortizado, o tempo exigido para executar uma sequência de operações é calculado sobre a média de todas as operações executadas, não tendo qualquer cálculo baseado em probabilidade da entrada. Assim, para o heap de Fibonacci estava sendo considerado a análise amortizada, enquanto as operações para os heaps binário e binomial estavam sendo apresentadas com base no seu pior caso. Ficou como uma idéia saber como seriam as colunas para o binário e o binomial no caso de uma análise amortizada.

 

2. Árvores binomiais

Uma árvore binomial é uma árvore ordenada, ou seja, a ordem em que os filhos aparecem na árvore importa, e é definida de modo recursivo, onde uma árvore binomial Bk é constituída de duas árvores binomiais Bk-1 que são conectadas uma à outra pelo fato da raiz de uma ser o filho mais à esquerda da raiz da outra.

Figura mostrando a definição recursiva de árvore binomial (a). Os itens (b) e (c) mostram duas formas diferentes de se visualizar uma árvore binomial (retirado do livro de aula)

 

3. Definição de heap binomial

Um heap binomial é constituído por uma coleção de árvores binomiais que satisfaz às duas propriedades de heaps binomiais:

Figura mostrando um heap binomial (retirado do livro de aula)

Uma discussão longa que se sucedeu se refere a um aspecto relativo à segunda propriedade do heap binomial e também sobre a representação de heaps binomiais. Embora não apareça explicitamente nas propriedades de heaps binomiais citadas acima, no livro é sempre usada uma representação em que os graus das raízes das árvores binomiais aparecerem ordenadas em ordem crescente num heap binomial. Isso deu origem a uma pergunta: se meu heap não estiver ordenado por grau das árvores binomiais, ainda assim continua sendo um heap binomial? Embora tenhamos chegado a um consenso de que faltou realmente colocar essa propriedade de forma mais direta para heaps binomiais, só consideraremos heaps binomiais os heaps em que suas árvores binomiais estejam ordenadas pelos graus das raízes. Caso contrário, a análise e algoritmos para as operações executadas nesse heap certamente iriam mudar.

 

4. União de heaps binomiais

Dentre os procedimentos existentes, foi escolhida a união (UNION) para assunto por ser usada como sub-rotina para a maioria das outras operações e de ser, realmente, "a mais complicada".

A união de dois heaps binomiais H1 e H2 tem basicamente dois passos. O primeiro intercala os heaps H1 e H2 resultando num outro heap H. A operação de intercalação cria o heap intercalado H que conterá as ávores binomiais dos heaps H1 e H2 e será ordenado pelos graus das raízes em ordem monotonicamente crescente. Portanto, esse novo heap H pode não ser um heap binomial, pelo fato de poder existir mais de uma árvore binomial (no máximo duas) com raízes de mesmo grau. O segundo passo portanto trata de ligar raízes com o mesmo grau, garantindo que reste no máximo uma raiz de cada grau. O algoritmo do livro para a operação de união está recolocado abaixo. Em seguida analisamos com um pouco mais de detalhes as situações que podem ocorrer na execução do segundo passo.

Algoritmo de união para heaps binomiais (retirado do livro de aula)

O primeiro passo simplesmente intercala os dois heaps. Para execução do segundo passo, três ponteiros são mantidos:

Assim, supondo que já temos o heap intercalado, as seguintes situações podem ocorrer:

Analisando a complexidade de UNION, começamos analisando a complexidade da intercalação. Ela leva O(lgn), onde n é o número de nós dos heaps binomiais H1 e H2. Para ver isso, dizemos que H1 tem n1 nós e que H2 tem n2 nós. Assim, n = n1+n2. Pela definição de heap binomial, H1 tem no máximo piso(lgn1)+1 raízes e H2 tem no máximo piso(lgn2)+1 raízes. Como piso(lgn1)+piso(lgn2)+2 <= 2(piso(lgn))+2 = O(lgn), H tem no máximo lgn raízes após a chamada do procedimento de intercalação, o qual é portanto O(lgn). No laço while, há no máximo piso(lgn1)+lg(n2)+2 iterações que levam O(1) e portanto, o tempo total de UNION é O(lgn).

OBS: foram discutidas outras operações realizadas em heaps binomiais nesse ponto da aula, como MINIMUM, EXTRACT-MIN e DECREASE-KEY. Um ponto interessante da aula foi sobre a hipótese de qual seria a complexidade de um eventual INCREASE-KEY para esse heap. As primeiras idéias levavam para O(lg^2(n)) (lg ao quadrado de n), contudo, notou-se que o INCREASE-KEY poderia ser realizado utilizando-se os procedimentos DELETE e INSERT, ambos gastando O(lgn), o que resultaria em O(lgn) para INCREASE-KEY.

 

5. Definição de heaps de Fibonacci

Um heap de Fibonacci é uma coleção de árvores que possuem a propriedade de heaps mínimos, mas essas árvores não estão restritas a serem árvores binomiais e nem precisam estar ordenadas por ordem de grau de suas raízes no heap. Portanto, um heap de Fibonacci apresenta uma estrutura mais relaxada em relação a um heap binomial, podendo conter árvores de aridades variáveis. A estrutura para representação desse heap é mais complexa, chegando a utilizar lista circular duplamente ligada para interligar os filhos de um nó x. As raízes também são ligadas através de uma lista circular duplamente ligada.

Figura mostrando um heap de Fibonacci (a) e uma estrutura de dados representando-a (b) (retirado do livro de aula)