As linhas de pesquisa no Instituto de Computação da Unicamp incluem IA aplicada à saúde, a dispositivos móveis, a finanças e marketing. Mas pesquisadores afirmam que o estudo crítico da aplicabilidade da IA é valor essencial nas atividades. Debate ocorreu no escopo do evento “É hora de <RE>CONECTAR com Tecnologia
No dia 11 de maio, o Instituto de Computação da Unicamp reuniu líderes de negócios, tecnologia, inovação tecnológica e acadêmicos da comunidade para difundir as linhas de pesquisa em inteligência artificial no IC, apresentar os hubs de desenvolvimento tecnológicos na área e discutir sobre a aplicação da Inteligência Artificial nos negócios. O debate ocorreu no evento “É hora de <RE>CONECTAR com Tecnologia”, realizado pelo IC em parceria com a startup Match<IT>.
O professor Leandro Villas, diretor do IC, foi responsável pela abertura do evento e também pelo lançamento da plataforma Amigos do IC. Durante o Lançamento, alguns ex-alunos comentaram suas motivações para fazer parte do programa. Entre eles: Cesar Gon, CEO da empresa CI&T, Fabrício Bloisi, CEO da IFood, André Penha, cofundador do Quinto Andar e a Engenheira de Software e influenciadora digital Akari Ueda.
Veja o vídeo completo do evento no Canal do Instituto de Computação no Youtube.
Confira o que aconteceu:
Viva bem: Inteligência artificial na saúde e bem estar
O professor Anderson Rocha, diretor do Laboratório de Inteligência Artificial Recod.ai e Coordenador do Hub Viva Bem, fez a primeira palestra voltada para tratar da aplicação da IA para a saúde e bem-estar. Alguns dos assuntos abordados foram como as tecnologias e dispositivos conseguem melhorar a saúde dos usuários, como é o caso da qualidade do sono.
Mais informações sobre o hub de inteligência artificial podem ser vistas em seu site, aqui.
Inteligência artificial e a Evolução dos dispositivos móveis
A Prof. Dra. Esther Colombini, coordenadora de Linha no Hub de Inteligência Artificial e Arquiteturas Cognitivas, explicou sobre a pesquisa em arquiteturas cognitivas, sistemas inspirados na estrutura do cérebro humano e suas características, com o intuito de aplicá-la em dispositivos móveis. Segundo a especialista, o objetivo seria utilizar a tecnologia disruptiva para aprimorar a experiência do usuário.
“Meu comportamento muda enquanto usuário. E eu quero que o comportamento do que quer que esteja rodando no meu celular seja personalizado a mim, e não que eu tenha que personalizá-lo”, comentou Colombini sobre uma das perspectivas de sua pesquisa.
Acadêmicos respondem a perguntas sobre o tema
Colombini, Rocha, e a professora Sandra Avila, participaram de uma mesa mediada por Vanessa Sensato, diretora de operações da empresa parceira Agência Sabiá. Os docentes abordaram que um dos problemas é que a inteligência artificial gerativa cria realidades sintéticas, isto é, conteúdos que não são verdadeiros e possam evidenciar situações falaciosas. O papel da Universidade Pública é destacado como uma potência para pensar criticamente e gerar soluções para esse problema.
“Muitas dessas ferramentas ainda não estão maduras, e quando temos empresas utilizando ferramentas que ainda não estão maduras, que podem tomar decisões sobre o ser humano em cima de dados enviesados, isso cria inúmeros problemas. É nosso trabalho aqui na Universidade fazer esse estudo crítico sobre quando e como usar [as ferramentas de inteligência artificial],” avaliou o professor Rocha.
Caso de IA aplicado à Motorola
Bernardo Oliveira, engenheiro de Machine Learning na Motorola, apresentou o Miletus, projeto que é parceria da Unicamp e Motorola desde 2015 cujo objetivo é implementar a Inteligência Artificial nos produtos desenvolvendo pesquisas acadêmicas da área para aprimorar a experiência do usuário. O projeto une o ecossistema universitário, a indústria e o IC.
Caso de IA implementado à Match <IT>
Rose Ramos, fundadora e CEO da startup Match<IT> e presidente do grupo Unicamp Ventures, trouxe uma visão de que a inteligência artificial é acessível também para empresas que surgiram recentemente, e não somente a grandes corporações e universidades. A Match IT, que funciona como um “Tinder” entre pequenas e médias empresas que vendem tecnologia e empresas grandes que têm essa demanda, utiliza a Inteligência Artificial para criar recomendações de quais as melhores combinações.
A plataforma utiliza o aprendizado de máquina para melhorar as recomendações e a inteligência artificial para lidar com os diferentes níveis de especificação da demanda de empresas de tecnologia e também da informação de fornecedores. Ela então suaviza essa interação, decidindo qual a melhor relação a ser construída. “O que a gente vai fazer com IA é ajudar a dar esses passos de ideação e de descoberta das oportunidades de inovação e de crescimento dos negócios com o uso de inovação digital,” observa Ramos.
Case de IA implementado à Samsung
O Gerente Sênior de Inovação da Samsung e ex-aluno da Unicamp, Eduardo Conejo, demonstrou a visão da multinacional sobre a Inteligência Artificial. Segundo ele, é importante que essa nova tecnologia seja transparente na usabilidade na rotina das pessoas. Em outras palavras ela deve ser incorporada no dia a dia dos usuários sem complicações, por meio de um ecossistema interconectado entre diversos dispositivos.
Conejo demonstrou usabilidades da inteligência artificial na edição automática de fotos de smartphones, compensação de cor, imagem e som nos aparelhos televisores, nos biossensores de relógios digitais e até mesmo em máquinas de lavar, que identificam a carga de roupa, nível de sujeira e quantidade de produtos a serem utilizados por meio da tecnologia.
“O foco é o ser humano, e a máquina tem que ser o mais adaptada e o mais simples para o nosso dia a dia e pra nossa rotina, e não ao contrário, a gente servir o que a máquina está pedindo, ” conclui Conejo.
Especialistas em negócio e empreendedores respondem a perguntas sobre o tema
Rose Ramos, Bernardo Oliveira e Eduardo Conejo, ao fim, passaram por uma sessão de perguntas e respostas sobre inteligência artificial e negócios. As dúvidas respondidas foram sobre como as empresas podem fomentar a discussão sobre a dependência e intrusão da tecnologia no cotidiano das pessoas e sobre o ecossistema de colaboração entre o Instituto de Computação e as empresas.
“Invariavelmente, a rota de inovação passa pela Universidade, ela se inicia na Universidade. É onde você tem a pesquisa básica, é onde você tem essa troca de conhecimento, experiências diferentes e isso é absurdamente rico. As empresas obviamente entendem a oportunidade em evoluir isso de alguma forma para uma linha de tecnologia que acaba por resultar em um produto,” avaliou Conejo.
Autoria: Lucas Martins