Depoimento de Marcos Roberto e Souza (Mestrado – 2018) – Prêmio CTD da SBC 2019

O prêmio de melhor dissertação de mestrado do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (IC/UNICAMP) e o primeiro lugar entre as dissertações de mestrado no Concurso de Teses e Dissertações da Sociedade Brasileira de Computação (CTD/SBC), representam o reconhecimento da academia brasileira e recompensam todo o esforço de um trabalho desenvolvido ao longo de dois anos por mim e pelo professor Dr. Hélio Pedrini. O prêmio de primeiro lugar entre as todas as dissertações de mestrado da computação defendidas em 2018 no país premia também o IC/UNICAMP e mostra, mais uma vez, sua excelência na formação dos alunos de pós-graduação. Agradeço ao prof. Hélio, pela oportunidade de ser orientado por ele; ao IC/Unicamp, por prover todas as condições necessárias; e aos meus pais e meu irmão, por todo apoio e sacrifícios que foram feitos para que eu chegasse até aqui. Agradeço também a todas as demais pessoas que me ajudaram de alguma forma, tanto ao longo do desenvolvimento do trabalho, quanto nas etapas anteriores ao mestrado.

Minha Trajetória na Computação

Período anterior à UNICAMP

Nasci no ano de 1994 em Santa Adélia, uma pequena cidade do interior de São Paulo com 15 mil habitantes. Ganhei meu primeiro computador aos dez anos. Nesse período esse computador passou a ser minha principal fonte de lazer. Por consequência, em pouco tempo, eu já sabia que teria como profissão algo relacionado ao computador. Ao longo do restante da minha infância, fiz diversos pequenos cursos profissionalizantes, em salas cheias de adultos.

Em 2009, iniciei, junto ao ensino médio, um curso técnico em informática, em uma escola do Centro Paula Souza, na cidade vizinha, Catanduva. Durante essa época, eu viajava diariamente para cursar o ensino médio no período da manhã e o técnico em informática no período da tarde. Meu primeiro contato com tópicos realmente relacionados à computação, como programação e banco de dados, ocorreu durante esse curso técnico. Minha certeza de infância sobre ter algo relacionado ao computador como profissão ficou mais clara e percebi que Ciência da Computação era o único curso que eu gostaria de fazer.

Iniciei minha graduação em 2012, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná no câmpus de Campo Mourão (UTFPR-CM). Durante o período de quatro anos do curso de Ciência da Computação, desenvolvi o interesse pelas mais diversas áreas da computação. Meu interesse pela pesquisa científica foi construída ao longo dos anos e chegou ao seu ponto mais alto durante o desenvolvimento do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em que tive a oportunidade de ser orientado pelo professor Dr. Diego Bertolini Gonçalves. Com esse trabalho, tive maior contato com as áreas de análise e processamento de imagens, que se tornaram as minhas áreas de pesquisa. No final de 2015, conclui o curso, sendo a primeira pessoa da minha família a cursar o ensino superior. Apesar de algumas dificuldades no início da graduação, tive a felicidade de ganhar o prêmio Aluno Destaque da Sociedade Brasileira de Computação.

Mestrado no Instituto de Computação

Com o incentivo do prof. Diego e demais professores da UTFPR, além do apoio dos meus pais e irmão, resolvi seguir meus estudos com o mestrado. A partir de uma ligação feita pelo prof. Diego, conversei pela primeira vez com o professor Dr. Hélio Pedrini, que prontamente me aceitou como seu aluno do mestrado. No primeiro semestre de 2016, após passar pelo processo seletivo do IC/UNICAMP, iniciei as disciplinas obrigatórias, que foram concluídas com certa dificuldade.

Nesse primeiro ano, eu também passei por algumas dificuldades em relação à pesquisa. Até meu Exame de Qualificação de Mestrado, eu sabia meu tema de pesquisa e havia feito uma revisão bibliográfica. Entretanto, não sabia o que poderia ser feito para contribuir com a literatura daquele problema. Ao contrário dos trabalhos das iniciações científicas e do TCC da graduação, em que as contribuições eram definidas principalmente pelo orientador, no mestrado, eu precisava desenvolver melhor a habilidade de determinar quais as limitações presentes na literatura e o que precisaria ser feito para superá-las.

Logo no início do segundo ano do mestrado, em um esforço quase diário, eu comecei a listar novas estratégias que poderiam ser desenvolvidas para contribuir com o problema. A partir disso e de reuniões muito frequentes com o prof. Hélio, desenvolvemos, em alguns meses, a primeira contribuição do nosso trabalho. Para essa contribuição e todas as outras que viriam depois, realizamos todos os experimentos e escrita necessários para finalizar um artigo que fosse publicável, antes de começar a desenvolver a próxima contribuição. Cada uma das cinco principais contribuições do nosso trabalho foram publicadas em periódicos da área.

Em uma autoavaliação feita após o término do mestrado, acredito que as primeiras contribuições foram mais simples, obtidas a partir de suposições feitas por nosso conhecimento empírico. Enquanto que as últimas contribuições foram desenvolvidas a partir de um maior conhecimento a respeito do problema. Nossa estratégia também facilitou a escrita final da dissertação, sendo que a escrita dos artigos foi realizada ao longo de todo o período do mestrado.

Além do conhecimento técnico a respeito do problema, acredito que o desenvolvimento da pesquisa de mestrado me deu a oportunidade de aprimorar diversas outras habilidades importantes para a pesquisa científica, como o aprendizado autodidata, a capacidade de fazer uma pesquisa bibliográfica, a capacidade análise e resolução de problemas, o desenvolvimento do pensamento crítico, além do aprimoramento de uma escrita científica simples e clara. Após a defesa do mestrado, tivemos a felicidade de ganhar prêmios que validaram o nosso esforço e trabalho de pesquisa. Sendo eles: a Melhor Dissertação de Mestrado do IC/UNICAMP; o 1º Lugar entre as dissertações de mestrado no CTD/SBC; além de uma menção honrosa no Workshop de Teses e Dissertações da Conference on Graphics, Patterns and Images (XXXII SIBGRAPI).